Tenho caracóis na minha cabeça
Por fora vermelhos
Por dentro azuis
Por cima brilhantes
Por baixo intactos.
Conto histórias de um mundo interno
Ao que senta sob os caracóis
Choro lágrimas que molham seu rosto
Conto dias e conto invernos
Ao que ouve sem restrições
Tenho caracóis visíveis e secretos
Tenho no caracol uma forma de expressão
Redundante revolta
Uma maneira de ir e vir
Uma possibilidade de voltar à trás
Uma vontade de mudar
Revolver-me sem retornar ao zero
Sei que meus caracóis existem
Por entre a certeza e o racional
Paralelo à destreza e à objetividade
Oblíquo às masculinidades
Sem restrições de afeto.