28 novembro 2005

“Espírito do trino Deus opera em nós”

não sou uma pessoa de vida sofrida
nunca senti na pele a dor gemida
o medo desolado
a agonia intensa
o desespero denso
a fome amarga
ou a perda próxima demais

por vezes concluo que isso é agradável
outras questiono se isso não faz de mim
uma pessoa que não sabe consolar
os que choram
então choro por querer saber
mas na prática
e de fato
nunca poderia entender

entretanto poderia eu negar que
Aquele que me guarda de tropeçar
é quem tem me desviado da aflição?
e que Aquele que me livra
também me direciona a sentir compaixão?

mesmo sem compreender completamente
Este mesmo que ao frágil consola
enche-me do Espírito consolador
posso transpirar mesmo em minha alegria
em minha sinfonia inocente
virgem da aflição
casta da dor
o consolo de Cristo meu Senhor

23 novembro 2005

um monte de coisas desconexas

Gostei da composição dessaimagem
Tirei a foto de bobeira
Mas vou guardá-la com zelo

1 copo,
meus pés
1 caixa com equipamentos para corte de cabelo
1 pingente
1 sacola
1 tesoura se equilibrando
A capa da maquina
1 embalagem de biscoito vazia
algumas linhas
O chão
e missangas

17 novembro 2005

salmo 139.12


a lua se pondo

"nem ainda as trevas são escuras para Ti, mas a
noite resplandece como o dia; pois para Ti as trevas são luz."
o nascer do sol

10 novembro 2005

detalhe

meu menino

não resisto à saudade
entrego-me
sinto-a

era pra eu ter dormido mas quis escrever


era pra eu ser mais organizada
mas agora já está muito em cima da hora
era pra eu ser mais preocupada
mas costumo deixar as pessoas de fora
era pra eu aproveitar melhor os meus dias
mas as críticas borbulham em minha cabeça
era pra eu me livrar das vis correrias
mas ainda não aprendi a ser sábia quanto a isso
era pra eu emagrecer
mas todos estavam comendo chocolate
era pra eu crescer
mas não nesse compasso arrastante

preciso encontrar um espaço mais sincero
dentro e fora do meu próprio corpo
onde tudo eu veria além desse escopo
de “era pra eu ser”
e de “mas não consigo”
era pra eu ser mais nua comigo

01 novembro 2005

frustração de não conseguir expressar a minha frustração


sentir uma agonia que não passa
meu pensamento ao passo da repetição
a frustração tem um sabor amargo

condena-me da própria frustração

os olhares em ritmo de folia
parecem saber da minha interna condenação
não quero mais lembrar dos meus encargos
tampouco provar a auto repugnação

rude melancolia
me frusto por não conseguir vencer teu sentimento proposto
teus lembretes intrometidos
das minhas incompetências expostas
entrepostas
bem sei que és rasa
és dura e desnecessária
bem sei que és vã
és fria e me invades sem permissão