10 julho 2008

inútil.

Eu sou uma inútil.
Instável na minha preguiça;
Tenho destreza invejável para produção de idéias toscas;
Tenho certeza recomendável da minha auto-reprovação;
Onde me encontro tão destemida de assumir a idiotice?
Por que não refugio no egocentrismo e na mentira?
Pra que manifestar a insatisfação das minhas façanhas tolas?
Somos todos igualmente retratos de gerações passadas.
Réplicas incapazes de criar coisas novas e belas.
O belo já existe, o sublime já se fez.
Não passo de uma inútil continuação do século anterior.
A tentativa de criar é frustrada;
A vontade de romper é vã;
O anseio de tornar-me outra é tolo.
Prossigo inútil.
Prosseguirei até quando os dias para mim houver.
Inútil para mim, para ti e para todos os demais.
Pra que escrever tal conclusão vazia e desprezível?
Escrevo porque me resta a expressão, igualmente inútil,
Mas que alivia o grito interno.

2 comentários:

Alberto Vieira disse...

Reconhecer sua inutilidade a torna util!

Abraços

Anônimo disse...

Tem uma coisa muito útil em tudo o que vocÊ falou: o reconhecimento de que o belo existe e que o sublime já se fez. Cada louvor é único, é uma nova vitória contra o pecado.
Andrea, Viçosa.