"O silencio me desperta,
Maravilha está perto,
Pensamento chegou."
(Poeminha Haiku, 9 anos de idade)
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“Guarda teu sonho, moça, espera
Um sonho
nunca se desfaz na primeira primavera”
(Bernardo
Puhler, O correr da vida embrulha tudo)
“Porque se
chamavam homens
Também se
chamavam sonhos
E sonhos não
envelhecem”
(Milton Nascimento,
Lô Borges, Márcio Borges, Clube da Esquina nº2)
Começa com
um desenho mental incerto. Será? Será? Desejo, vontade. Tudo muito nublado. Uma
menina ilustrando coisas imaginárias nas horas vagas. Aos poucos aquilo se abre
em palavras, é o surgimento de uma ideia. Então vira conversas com o papel,
rabiscos, formas, texto... O que é um sonho afinal? Por que ele não vai embora?
Se ao menos
eu não tivesse essa vontade vertendo aqui dentro. Ser isso, ser mais, ir além...
Anos e anos a fora, olha que só tenho trinta e dois nas costas, mas como arde o
peito um sonho não alcançado, um caminho não traçado. Ah! E tem as tais “pedras”
no meio do caminho, portas se fechando corredores adentro. “Quando enfim alguma se
abrirá?” pergunta o coração pulsante, nada cansado; pelo contrário, pronto,
ávido! Avante! Bate outra vez, e vez de novo e de novo.
Sonhar é
quase um defeito. Ainda mais depois que inventaram o ENEM e essa coisa de “joga
a nota e vê o que pode dar”. Isso é um massacre de sonhos, um achatamento de
possibilidades. Cadê a busca interior? Onde foi parar o mergulho no ser? Ainda mais quando o dinheiro entrou na história e o medo de não
ter o suficiente parece uma nuvem sobre as nossas cabeças. Ainda mais quando já
temos os mapas do globo, o google, e essas besteiras que nos fazem achar que não
precisamos mais de Camões para sobreviver. Geração de alma encolhida. Sonhar é
ter a alma grande, mas cuidado, melhor checar com os médicos pra ver se está
tudo dentro das proporções esperadas nessa etapa do desenvolvimento.
O sonho
persiste. Ele é incontrolável, é desumano negá-lo. É desumano deixar a
insegurança vencer, é desumano desistir. O sonho renasce, desenvolve. A menina,
agora é uma mulher ilustrando temas (coisas) abstratos (imaginários) de
madrugada (nas horas vagas). Agregam-se a maturidade, as novas habilidades, a
sabedoria adquirida pelos erros cometidos e pelas portas fechadas. O sonho
cresce, não diminui. A vida segue a correr, a correr, correnteza valente do rio.