06 março 2006

manifesto atrasado

Faz dias que eu não durmo o tanto que devia
Invejo você que não sabe o que eu sinto
Meu corpo treme
Cafeína corre pra eu não ser derrubada
Eu sempre demoro pra me levantar
E ando com as roupas descombinadas
Mais umas noite me venceu
Mais uma olheira pra eu tentar esquecer
Agora é impossível recuperar
E ainda não entreguei o trabalho de estruturas
Todo mundo acha meu curso meio bobo
Meio fácil
Mas eles não sabem a pressão de ter que criar algo novo e elegante
Luto por uma arquitetura mais sóbria
Luto por um raciocínio perfeito
E a perfeição é mais difícil do que exercícios de cálculo
A autocrítica é mais dolorosa do que os professores carrascos
Porque ela é mais verdadeira
Ela é mais próxima e, portanto, fere mais
Traçado sóbrio, preciso alcançá-lo
Eis o meu fado: a percepção de estar distante do ideal
Nessa vida de sempre acordada algumas coisas me perturbam
Os dias parecem demasiadamente lentos
As pessoas parecem demasiadamente ocupadas
E eu exaustivamente cansada
Nessas horas de processo .. de sugar algo de dentro
De ver que não saiu perfeito
Preferiria vomitar a estar diante das imperfeições que eu mesma criei
É difícil demais ter que criar o ritmo e a melodia
Em um estilo que eu ainda estou aprendendo a definir
É difícil demais definir
Penso que as minhas propostas deveriam refletir um pouco de quem eu sou
Mas nem sempre a pessoa que sou apresenta-se como proposta plausível
Quando chega a noite e eu não posso dormir
Isso me perturba
Me aflinge
Mas é uma aflição medíocre
De gente que não soube se organizar
De gente desesperada por expressar mais do que realmente sou
Agora já tarde de novo
Meus olhos vermelhos gritam por se fecharem
Meus dedos os forçam a continuarem
Em prol desse verso que me entorna nesse arquivo

2 comentários:

Pedro Paulo Valente disse...

Sinto-me um inutil e vagal

Anônimo disse...

Eu gosto de você! =)
Qq coisa tamo aki!