23 outubro 2005

têm espinhos nas pontas dos pés



tem espinhos nas cascas de todos os povos
nas roças e nos centros urbanos
espinhos que atacam todos os calcanhares
e todas as pernas regulares e irregulares

tem alguns nas entranhas das gentes mutantes
e outros nas juntas dos tipos errantes
em todo lugar é vista a agonia
porque os espinhos invadiram
todo ritmo e toda harmonia

espinho aberto, espinho fechado (estes são piores de arrancar)
espinho alto espinho gordo
espinho safado espinho cordo
espetam,
espitam
espitefazem-se
estes espinhos extrudados e extravagantes

espinho plantado séculos antes da colheita atual
nos trouxe o conceito do bem e do mau
agora se multiplica constante em nossas mentes
e n
ão conseguimos parar de lançar suas sementes

Um comentário:

Anônimo disse...

Lit... divertido, gostei do ritmo, é gostoso... dá vontade de reler e reler, parece que o fim remete ao começo, e se esse poema fosse de um formato contínuo, sem começo e fim, estaríamos perdidos. Credo, que loucura a minha, não sei de onde tirei isso, mas a culpa é sua... o poema é seu.