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07 novembro 2007

Lembrando a morte do meu amigo Lelê (1983-2006)

só poderia ser nessa tarde ou em outro lugar
não poderia me sossegar, sossegar
era dia de luto dia do sol se por devagar
dia de lagrima, mas era lá dia que se tarda
dia em que o nunca se aproximou de todos que ali reunidos esperavam
a terra cobrir o que antes era vida
o choro cobriu junto com a terra até chegarmos ao ano depois
reviver é algo a que ninguém se dispõe a não ser por pouco
posso não conhecer de perto o luto de ninguém
mas conheço o meu
sofro porque o amava
no mundo em que vivemos, amar é sofrer.
a parte de mim que foi enterrada ficará enterrada
e as partes que restaram aos poucos repartidas choram novas dores
novos lutos, outros enterros, entregas.
minha dor está aqui está agora
sofro porque o amo ainda
em partes ele não se foi
por que resta a vontade de rever meu amigo meu irmão?
restam as transformações e as marcas que ele cravou
o vejo quando me olho no espelho
o vejo quando me lembro da sua feição
embora sua jactância fosse ultrajada nos últimos dias de sua vida
a sua juventude será eterna
e eu a levarei comigo à velhice se Deus me permitir
cantarei sempre saudosa
lembrarei sempre chorosa
a morte do Lelê jamais será lembrada com alegria
embora sinta o consolo do Senhor,
ele não me desampara e eu não me desespero,
a morte é um insulto e uma loucura
será lembrada com tristeza, como hoje.

30 novembro 2006

paisagem interna

sob olhar ofuscado por lágrimas
estão as mãos que pressionam o rosto
o tempo é concedido em proporções lentas
ela chora

sob nuvens de lascas memoriais
estão pernas cruzadas que sustentam sua individualidade
uma menina na grama e um caderno vazio
ombros baixos

com suas palavras
queria alcançar o tato e o paladar
pois o que sente tem textura e sabor
ela apenas chora

então, o sono contrai o corpo
mas não sacia o cansaço

o que te fere menina calada?
volte a ouvir o som das cores!

07 novembro 2006

a morte do meu melhor amigo


“Não estou aqui para lamentar a morte de um jovem de 23 anos que sofreu por ter câncer; nem para lamentar a morte de um estudante de agronomia ou de um diácono da nossa igreja, não estou aqui para lamentar a morte de um estranho, estou aqui para lamentar a morte do meu irmão. E eu lamento a morte do Lelê. Pra quem não sabe, o Lelê era o meu melhor amigo e eu o amava."

É muito difícil perder um amigo.
É muito difícil.
Uma dor que sinto nas juntas.
Um lamento que não tem consolo nem solução.
Um lamento profundo e impotente.
Eu não posso mais dizer que “nunca senti na pele a dor gemida” porque escrevo entre gemidos, entre fôlegos pesados.
Eis “uma perda próxima demais”.
Um lamento insistente e eu sei que permanecerá por muito tempo ainda.

Queria registrar algumas cenas marcantes:
- Ver os amigos carregando o caixão
- Ver a igreja tão cheia, quando os jovens foram à frente para cantar não couberam e encheram os corredores laterais do templo
- Conseguir falar segurando o choro
- Ouvir a Jamille e o Daniel falarem
- Jony – “se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos”
- “se paz a mais doce me deres gozar, se dor a mais forte sofrer...”
- assistir o pedreiro fechar o túmulo
- voltar pra casa no carro em silencio

Temos que fazer valer a pena!
Eu tenho que fazer valer a pena.

O que mais me consola? - Perceber no choro e na expressão de alguns amigos a mesma tristeza que eu sinto. - Lembrar das nossas conversas.. “liz.. é muito bom que você veio aqui sabia?” ..” liz, dá pra você passar aqui na sexta a tarde?”, “aqui, lê aquele texto lá de novo.. “ (2Cor4...) ... “esse câncer não é para a morte, mas para a glória de Deus” ...