
16 janeiro 2008
07 novembro 2007
Lembrando a morte do meu amigo Lelê (1983-2006)
não poderia me sossegar, sossegar
era dia de luto dia do sol se por devagar
dia de lagrima, mas era lá dia que se tarda
dia em que o nunca se aproximou de todos que ali reunidos esperavam
a terra cobrir o que antes era vida
o choro cobriu junto com a terra até chegarmos ao ano depois
reviver é algo a que ninguém se dispõe a não ser por pouco
posso não conhecer de perto o luto de ninguém
mas conheço o meu
sofro porque o amava
no mundo em que vivemos, amar é sofrer.
a parte de mim que foi enterrada ficará enterrada
e as partes que restaram aos poucos repartidas choram novas dores
novos lutos, outros enterros, entregas.
minha dor está aqui está agora
sofro porque o amo ainda
em partes ele não se foi
por que resta a vontade de rever meu amigo meu irmão?
restam as transformações e as marcas que ele cravou
o vejo quando me olho no espelho
o vejo quando me lembro da sua feição
embora sua jactância fosse ultrajada nos últimos dias de sua vida
a sua juventude será eterna
e eu a levarei comigo à velhice se Deus me permitir
cantarei sempre saudosa
lembrarei sempre chorosa
a morte do Lelê jamais será lembrada com alegria
embora sinta o consolo do Senhor,
ele não me desampara e eu não me desespero,
a morte é um insulto e uma loucura
será lembrada com tristeza, como hoje.
30 novembro 2006
paisagem interna

estão as mãos que pressionam o rosto
o tempo é concedido em proporções lentas
ela chora
sob nuvens de lascas memoriais
estão pernas cruzadas que sustentam sua individualidade
uma menina na grama e um caderno vazio
ombros baixos
com suas palavras
queria alcançar o tato e o paladar
pois o que sente tem textura e sabor
ela apenas chora
então, o sono contrai o corpo
mas não sacia o cansaço
o que te fere menina calada?
volte a ouvir o som das cores!
07 novembro 2006
a morte do meu melhor amigo


É muito difícil perder um amigo.
É muito difícil.
Uma dor que sinto nas juntas.
Um lamento que não tem consolo nem solução.
Um lamento profundo e impotente.
Eu não posso mais dizer que “nunca senti na pele a dor gemida” porque escrevo entre gemidos, entre fôlegos pesados.
Eis “uma perda próxima demais”.
Um lamento insistente e eu sei que permanecerá por muito tempo ainda.
Queria registrar algumas cenas marcantes:
- Ver os amigos carregando o caixão
- Ver a igreja tão cheia, quando os jovens foram à frente para cantar não couberam e encheram os corredores laterais do templo
- Conseguir falar segurando o choro
- Ouvir a Jamille e o Daniel falarem
- Jony – “se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos”
- “se paz a mais doce me deres gozar, se dor a mais forte sofrer...”
- assistir o pedreiro fechar o túmulo
- voltar pra casa no carro em silencio
Temos que fazer valer a pena!
Eu tenho que fazer valer a pena.
O que mais me consola? - Perceber no choro e na expressão de alguns amigos a mesma tristeza que eu sinto. - Lembrar das nossas conversas.. “liz.. é muito bom que você veio aqui sabia?” ..” liz, dá pra você passar aqui na sexta a tarde?”, “aqui, lê aquele texto lá de novo.. “ (2Cor4...) ... “esse câncer não é para a morte, mas para a glória de Deus” ...