09 dezembro 2005

por que sou assim

meu corpo é inseguro
minhas emoções facilmente se desmancham
por trás dessa casca espessa
um ser despido

meus sentimentos se escondem da face
mas tu os percebes porque também és poeta
poucos percebem a minha beleza
pensam que sensibilidade é a minha fraqueza

posso ser discreta
as vezes
como também posso ser exposta

posso ser concreta
nem sempre
pois sinto-me mais livre na abstração

meus riscos no papel trazem meu cheiro
tu os reconheces mas não te encantas
eu me perturbo com pequenos defeitos
tu me percebes mas não te espantas
não sei te encantar
sei te esperar
esperar

05 dezembro 2005

02 dezembro 2005

eu em imagens - uma análise descritva


posso ser
inconstante
mas pelo menos
tenho um ritmo

28 novembro 2005

“Espírito do trino Deus opera em nós”

não sou uma pessoa de vida sofrida
nunca senti na pele a dor gemida
o medo desolado
a agonia intensa
o desespero denso
a fome amarga
ou a perda próxima demais

por vezes concluo que isso é agradável
outras questiono se isso não faz de mim
uma pessoa que não sabe consolar
os que choram
então choro por querer saber
mas na prática
e de fato
nunca poderia entender

entretanto poderia eu negar que
Aquele que me guarda de tropeçar
é quem tem me desviado da aflição?
e que Aquele que me livra
também me direciona a sentir compaixão?

mesmo sem compreender completamente
Este mesmo que ao frágil consola
enche-me do Espírito consolador
posso transpirar mesmo em minha alegria
em minha sinfonia inocente
virgem da aflição
casta da dor
o consolo de Cristo meu Senhor

23 novembro 2005

um monte de coisas desconexas

Gostei da composição dessaimagem
Tirei a foto de bobeira
Mas vou guardá-la com zelo

1 copo,
meus pés
1 caixa com equipamentos para corte de cabelo
1 pingente
1 sacola
1 tesoura se equilibrando
A capa da maquina
1 embalagem de biscoito vazia
algumas linhas
O chão
e missangas

17 novembro 2005

salmo 139.12


a lua se pondo

"nem ainda as trevas são escuras para Ti, mas a
noite resplandece como o dia; pois para Ti as trevas são luz."
o nascer do sol

10 novembro 2005

detalhe

meu menino

não resisto à saudade
entrego-me
sinto-a

era pra eu ter dormido mas quis escrever


era pra eu ser mais organizada
mas agora já está muito em cima da hora
era pra eu ser mais preocupada
mas costumo deixar as pessoas de fora
era pra eu aproveitar melhor os meus dias
mas as críticas borbulham em minha cabeça
era pra eu me livrar das vis correrias
mas ainda não aprendi a ser sábia quanto a isso
era pra eu emagrecer
mas todos estavam comendo chocolate
era pra eu crescer
mas não nesse compasso arrastante

preciso encontrar um espaço mais sincero
dentro e fora do meu próprio corpo
onde tudo eu veria além desse escopo
de “era pra eu ser”
e de “mas não consigo”
era pra eu ser mais nua comigo

01 novembro 2005

frustração de não conseguir expressar a minha frustração


sentir uma agonia que não passa
meu pensamento ao passo da repetição
a frustração tem um sabor amargo

condena-me da própria frustração

os olhares em ritmo de folia
parecem saber da minha interna condenação
não quero mais lembrar dos meus encargos
tampouco provar a auto repugnação

rude melancolia
me frusto por não conseguir vencer teu sentimento proposto
teus lembretes intrometidos
das minhas incompetências expostas
entrepostas
bem sei que és rasa
és dura e desnecessária
bem sei que és vã
és fria e me invades sem permissão

23 outubro 2005

lírio

flor
pura
bela
elegante

têm espinhos nas pontas dos pés



tem espinhos nas cascas de todos os povos
nas roças e nos centros urbanos
espinhos que atacam todos os calcanhares
e todas as pernas regulares e irregulares

tem alguns nas entranhas das gentes mutantes
e outros nas juntas dos tipos errantes
em todo lugar é vista a agonia
porque os espinhos invadiram
todo ritmo e toda harmonia

espinho aberto, espinho fechado (estes são piores de arrancar)
espinho alto espinho gordo
espinho safado espinho cordo
espetam,
espitam
espitefazem-se
estes espinhos extrudados e extravagantes

espinho plantado séculos antes da colheita atual
nos trouxe o conceito do bem e do mau
agora se multiplica constante em nossas mentes
e n
ão conseguimos parar de lançar suas sementes

22 outubro 2005

IV CBM

after all, more fire

it is impossible to deny
I can hardly breath when I think of it
but it is impossible to back away
impossible not to obey
not a choice or an option

many were there and heard the same challenges
I am sure,
most had already heard them before
as I

we all tried to hide our faces,
we moved around in our chairs
the confrontation was bare
and it confronted me

the preacher filled his mouth with the right words
and the feeling we felt
was more authentic then we were expecting
the encouragement was such
it felt impossible not to follow
and impossible not to pursue
in the end our hearts were flaming
should we laugh in joy?
should we cry in desperate shame?

oh Lord, after all our sin
You’ve given us more fire
lead us towards the unreached ones

06 outubro 2005

céu em viçosa

essa foto foi tirada no caminho de casa
foto tirada no campus da ufv.. nem da pra acreditar

maravilhosa luz


ó minha Luz
és tenra és interna
ó eterna
maravilhosa Luz
firmes são os teus caminhos
firmes as tuas promessas
infinita a tua graça
e gracioso o teu amor

ó Luz trina
vossos mandamentos me conduzem
vossos feitos me induzem
a crer mais de perto
sempre certa
nada nos separará

ó santa e sublime Luz
envolve-me clara a tua presença
ainda que eu diga que as trevas me encobrirão
afastas-me das minhas vergonhas
limpas-me nas minhas entranhas

ó Luz divina
Luz infinda
cristalina

04 outubro 2005

pedro

Nossa proximidade nos aproxima
Suas palavras e minhas fotografias
Sua ausência me fere constante
Historia mutante rabiscos e traços

Meus dedos nos seus cabelos
Seus sentimentos nos meus olhares
Minha alegria num canto distante
Seus regozijos nos meus abraços

Meus dias esperam cansados
Por seus depoimentos visíveis
Versos pensados e boca elegante
Mãos que seguram firme meus braços

Nossos poemas nos fortalecem
Suas sobrancelhas e minhas harmonias
seus desajustes num canto distante
Minha constante alegria

soa


o sino soa
soa o sino

insiste, inside, soa

sinfonia destoante

sempre assim
o sino soa
soa sempre

eu não duvido do seu som
nem converso em seu tom

conservas, só, a sua linguagem
sino elegante
soa relevante
mas nunca soa sorridente
simplesmente soa sempre
pois sempre soa
sempre soará
serás como se nao tiver amor
insistente

29 setembro 2005

pés inocentes

de chinelo
de pé sujo
de menino
alegre

essa cor

uma caminhada tranquila pelo vermelho
as durezas do olhar no espelho
nada como essa cor de tijolo
melhor que enfiar os meus dedos num bolo

se isso lhe parece um absurdo
aguarde as minhas próximas comparações

é melhor que lamber um pirulito escondido
melhor que um pouquinho de sorvete derretido
porque a sensação nao ocorre na minha barriga
nem poderia provar a fadiga

melhor que um copo de café com leite
porque a combinação não nos serve de enfeite
é sempre mais belo do que o amarelo
e dura bem mais que o meu chinelo

por isso afirmo com toda certeza
jamais se haverá maior beleza
do que a beleza dessa cor exuberante
ainda que nao seja brilhante

é fruto da relação do olho com a luz
e isso, ó vermelho, ninguém reproduz